"É tão difícil as pessoas razoáveis se tornarem poetas, quanto os poetas se tornarem razoáveis."

(Pablo Neruda)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

QUESTÕES DE APROFUNDAMENTO 001 - RPH 2010

Galera, seguem as questões de aprofundamento e os seus respectivos comentários.
001 - RPH 2010

QUESTÃO 01

Leia o texto abaixo.


O BRASIL VAI SE TORNAR A ARÁBIA SAUDITA VERDE?

O Brasil é novamente o país do futuro. Depois de rodar pelo país e se encantar com o processo de produção do álcool a partir da cana-de-açúcar, Thomas Friedman, colunista do New York Times e um dos maiores especialistas em Oriente Médio, voltou para os Estados Unidos convencido de que o Brasil pode se tornar a Arábia Saudita do álcool. A comparação com o maior exportador mundial de petróleo não é delirante. O Brasil é o país mais avançado em produção de combustíveis de origem vegetal, também chamados biocombustíveis.

("Época", 12/02/2007)

Após vislumbrar a auto-suficiência na produção de petróleo, o Brasil desponta como possível destaque na utilização da biomassa como fonte de energia. Cite e explique duas características do espaço físico brasileiro que favorecem a produção de biomassa no país. Explique também dois riscos, um socioeconômico e outro ambiental, caso se confirme o prognóstico apresentado no texto.


QUESTÃO 02

A produção de grãos no Brasil, até a década de 1970, concentrava-se na região Sul, expandindo-se a partir daí para os chapadões da região Centro-Oeste, transformando-a numa das maiores produtoras de grãos do país. Nesse contexto, indique o principal produto agrícola cultivado nessa região e explique a forma de utilização desse produto no mercado interno e externo.


QUESTÃO 03

A Reforma Agrária pode ter um enfoque distributivo, em que a ênfase seria a divisão da terra e o aumento do número de proprietários rurais, ou um caráter economicista, em que a tônica seria o aumento da quantidade produzida e a eficiência dos métodos de produção. No Brasil, hoje, encontramos defensores das duas propostas, que nem sempre convivem de forma harmoniosa.

Analise como no Brasil vêm ocorrendo:

a) a reforma distributiva;

b) a reforma em termos econômicos.


QUESTÃO 04

Leia os textos abaixo.

"O agronegócio responde por um terço do PIB, 42% das exportações e 37% dos empregos. Com clima privilegiado, solo fértil, disponibilidade de água, rica biodiversidade e mão-de-obra qualificada, o Brasil é capaz de colher até duas safras anuais de grãos. As palavras são do Ministério da Agricultura e correspondem aos fatos. Essa é, no entanto, apenas metade da história. Há uma série de questões pouco debatidas: Como se distribui a riqueza gerada no campo? Que impactos o agronegócio causa na sociedade, na forma de desemprego, concentração de renda e poder, êxodo rural, contaminação da água e do solo e destruição de biomas? Quanto tempo essa bonança vai durar, tendo em vista a exaustão dos recursos naturais? O descuido socioambiental vai servir de argumento para a criação de barreiras não-tarifárias, como a que vivemos com a China na questão da soja contaminada por agrotóxicos?"

(Adaptado de Amália Safatle e Flávia Pardini, "Grãos na Balança". Carta Capital, 01/09/2004, p. 42.)

"Devido às pressões de fazendeiros do Meio-Oeste e de empresas do setor agrícola que querem proteger o etanol norte-americano, produzido com base no milho, contra a competição do álcool brasileiro à base de açúcar, os Estados Unidos impuseram uma tarifa (US$ 0,14 por litro) que inviabiliza a importação do produto brasileiro. E o fizeram mesmo que o etanol à base de açúcar brasileiro produza oito vezes mais energia do que o combustível fóssil utilizado em sua produção, enquanto o etanol de milho norte-americano só produz 130% mais energia do que sua produção consome. Eles o fizeram mesmo que o etanol à base de açúcar reduza mais as emissões dos gases responsáveis pelo efeito estufa do que o etanol de milho. E o fizeram mesmo que o etanol à base de cana-de-açúcar pudesse facilmente ser produzido nos países tropicais pobres da África e do Caribe e talvez ajudar a reduzir sua pobreza."

(Adaptado de Thomas Friedman, "Tão burros quanto quisermos". Folha de S. Paulo, 21/09/2006, p. 2.)

Os textos apresentados fazem referência ao agronegócio e à empresa agrícola. Uma das características do mundo contemporâneo foi o surgimento das empresas agrícolas nos países desenvolvidos e em algumas regiões de países subdesenvolvidos, enquanto em outras regiões rurais do mundo a produção agrícola ainda depende muito dos ritmos da natureza, de técnicas arcaicas, de relações sociais de produção tradicionais, com pequena propriedade familiar e baixo nível de capitalização.

A partir disso, responda:

a) O que é e o que caracteriza uma empresa agrícola?

b) Cite três características da agricultura tradicional.


QUESTÃO 05

A Região Serrana é uma das principais áreas agrícolas do Estado do Rio de Janeiro. Municípios como Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo são responsáveis por grande parte da produção de verduras e legumes que abastecem a metrópole carioca.

a) Quais são as condições naturais que favorecem o cultivo de hortaliças na Região Serrana?

b) Quais são as características principais do sistema agrícola da horticultura?

 
 
COMENTÁRIOS
 
QUESTÃO 01
 
O aluno deverá destacar duas das características:


*grande disponibilidade de terras para o plantio, sem necessariamente diminuir a área destinada à produção de alimentos;
*temperaturas que permitem mais de uma safra de um grande número de produtos;
*fotoperíodos longos durante quase todo o ano, favorecendo o crescimento dos vegetais utilizados para produção de biocombustíveis;
*pluviosidade adequada à produção agrícola na maior parte do país;
*condições adequadas ao cultivo da cana-de-açúcar, cujo álcool é mais barato do que o obtido a partir de plantas cultivadas em áreas temperadas, como o milho e a beterraba.

O aluno deverá desenvolver as suas explicações com base nos riscos destacados a seguir.

Riscos socioeconômicos:

*redução da área plantada destinada a alimentos;
*aprofundamento da concentração fundiária.

Riscos ambientais (um dos):

*ampliação do desmatamento do cerrado e da Amazônia para realizar o plantio de espécies passíveis de gerar biocombustíveis;
*possibilidade de aumentar a poluição hídrica causada por agrotóxicos em virtude da intensividade dos cultivos realizados pela agroindústria;
*expansão de monoculturas, comprometendo a biodiversidade de ecossistemas regionais.


QUESTÃO 02

O principal produto agrícola produzido nessa região é a soja.


O aluno deverá destacar as seguintes formas de utilização da soja:

*Mercado interno: a soja é utilizada como matéria-prima do setor agroindustrial, destinada ao processamento para produção de óleo comestível comercializado no mercado interno, tanto para o consumo doméstico como por indústrias do setor alimentício, e, mais recentemente, como combustível. O subproduto resultante do esmagamento da soja para produção de óleo é o farelo de soja, largamente utilizado na fabricação de ração animal, sendo parte consumida no mercado interno e parte exportada.

*Mercado externo: a soja é exportada em forma de grãos para diversos países, destinada ao processamento industrial ou ao seu consumo direto, tendo papel importante no equilíbrio da balança comercial brasileira.


QUESTÃO 03
 
a) A reforma distributiva ocorre graças aos movimentos sociais que se organizam para pressionar o Governo pela distribuição de terras. O MST tem sido o principal protagonista dessas ações, promovendo invasões, ocupações e pressionando pela criação de assentamentos.


b) Nas últimas décadas, ocorreu uma profunda mudança na agricultura brasileira. A formação dos complexos agroindustriais ampliou a área cultivada, intensificou o rendimento por hectare, a produtividade agrícola e aumentou o consumo de insumos industriais.


QUESTÃO 04

a) A empresa agrícola é uma expressão do capitalismo moderno no campo. Essa empresa faz parte de um complexo mais amplo, o agronegócio, caracterizado pela presença de capital, tecnologia e forte integração aos complexos industriais, a partir de cadeias produtivas extensas. Tem uma produção que visa a mercados específicos e é orientada por bolsas mercantis e de futuro para evitar que a produção sofra o menor impacto de mercado possível, com margens de lucro maiores, principalmente na exportação.


b) O aluno deverá citar três das características a seguir:

*grande dependência das condições naturais;
*baixos investimentos de capital;
*produção rudimentar com pouca ou nenhuma tecnologia, valendo-se de queimadas, plantio em encostas, desgastando o solo e gerando impactos ambientais;
*intenso uso de mão de obra braçal e tração animal.

 
QUESTÃO 05
a) O relevo mais elevado, com o ar mais frio e seco, favorece as hortaliças e frutas.


b) Pequenas propriedades, trabalho familiar, cooperativismo.

COMENTÁRIOS DAS QUESTÕES DA PRIMEIRA AULA DO RPH


Fala galera! Conforme combinado, seguem os comentários das questões da primeira aula do RPH de Geografia.

QUESTÃO 01

a) No período mencionado, a população urbana do País aumentou, suplantando a população rural em 1970 e continuando a crescer até os dias de hoje.

b) Alteração das formações urbanas, com o crescimento do proletariado e, em menor escala, da classe média. Paralelamente, ocorreu o inchaço das cidades, com a marginalização de amplas parcelas da população, em consequência da falta de infraestrutura, da favelização e do aumento da violência em suas diversas formas.


QUESTÃO 03

a) Em 2005, a matriz de transportes observada no gráfico e pertinente ao Brasil é a rodoviária. Trata-se de uma opção priorizada a partir da década de 1950, tendo como objetivo principal desenvolver a indústria automobilística no Brasil e avançar no processo de industrialização, porém em detrimento de outras modalidades, a exemplo das ferrovias, que se desenvolveram em função inicialmente da cafeicultura e posteriormente da mineração.

O período entre as décadas de 1950 e 1970 foi marcado pela expansão de transnacionais, sobretudo do setor automobilístico, em direção aos países em desenvolvimento, como Brasil, Índia, México, Argentina e África do Sul, entre outros, que possuíam mercado consumidor em expansão, mão de obra qualificada barata e abundante, disponibilidade de matéria-prima e políticas públicas atrativas ao capital externo. Tais políticas públicas foram implementadas mediante o Plano de Metas do Governo JK, que enfatizava a necessidade de desenvolver os setores de transportes, energia e indústria de base, além do setor educacional, com ênfase na profissionalização e consequente geração de empregos.

Posteriormente, os governos militares (1964-1982) reproduziram o modelo desenvolvimentista, tendo como centro dinâmico da economia o setor automobilístico, mediante a implantação do PIN – Plano de Integração Nacional, priorizando o setor rodoviário com o objetivo de integrar as regiões brasileiras e os locais distantes à economia nacional.

b) A previsão da matriz brasileira de transportes para 2025 demonstra uma redução significativa da participação do sistema rodoviário em face do aumento percentual de outras modalidades, como o ferroviário, dutoviário, aquaviário e aeroviário. Essa alteração resulta da redução de custos de transportes, já que as referidas modalidades, exceto a aeroviária, possuem maior eficiência energética combinada com vantagens em deslocamentos de maior distância e peso total de carga. Tais previsões estão insertas numa política de preservação ambiental, com respeito às áreas de restrição e controle de uso do solo, menor emissão de elementos poluentes, atendendo às exigências da legislação ambiental nacional e aos compromissos externos assumidos.

 
QUESTÃO 05

a) Em geral, no Nordeste, concentra-se a indústria de bens de consumo não duráveis, como, por exemplo, calçados, tecidos e, principalmente, a indústria alimentícia, além da indústria de construção civil. Esse ramo industrial possui uma estrutura de funcionamento que emprega elevado contingente de mão de obra, em função de sua tecnologia mais simples, o que vem ao encontro das necessidades de geração de emprego numa região carente.

b) O parque industrial do Sudeste é muito maior, tanto em termos de número de estabelecimentos, quando em diversificação de setores, contando com indústrias que variam das mais simples às mais complexas, das mais leves às mais pesadas.

Isso ocorreu em função da maior concentração histórica de capital, que gerou diferentes necessidades de consumo e aumentou a diversificação. Além disso, em função de seu maior requinte tecnológico, essa indústria procurava ficar próxima a centros formadores de mão de obra especializada, que surgem em grande quantidade no Sudeste, representados pela presença de centros de estudo e pesquisa, como universidades e tecnopolos, dinamizando diversos setores. É claro que o maior número de trabalhadores empregados na indústria (como se entrevê pelo mapa) se deve , em parte, pelo fato de haver maior número de estabelecimentos, já que esses tipos de indústria nem sempre são as maiores geradoras de emprego, pois muitas delas utilizam elevado grau de automação na produção.

 
QUESTÃO 17

As charges retratam o processo de favelização típica dos grandes centros urbano-industriais do Brasil, sobretudo do Rio de Janeiro, onde as encostas de morros voltadas para o litoral possibilitam grande visibilidade deste fenômeno que contrasta com a beleza cênica de sua paisagem, na qual também se destaca o monumento do Cristo Redentor.

Entre as principais causas do processo de favelização, pode-se citar:

*A macrocefalia urbana provocada pelo crescimento caótico das cidades, fato típico dos países em desenvolvimento;

*Insuficiência dos investimentos públicos em infraestruturas que sejam capazes de suportar a demanda por serviços públicos voltados para saúde, educação, transporte e habitação;

*Manutenção de uma estrutura social de grande disparidade socioeconômica, uma vez que há forte concentração da renda nas mãos de uma minoria;

*Forte especulação imobiliária, pressionando a valorização de imóveis para venda ou aluguel, e empurrando a população de baixa renda para as áreas de risco, como as encostas de morros e várzeas sujeitas às inundações;

*Aumento do desemprego estrutural, levando grande parte da população de baixa renda para o subemprego e para a economia informal.


QUESTÃO 20

a) As consequências da desconcentração industrial para o estado de São Paulo foram a diminuição de sua participação no valor da produção industrial nacional, a migração da PEA (População Economicamente Ativa) do Setor Secundário para o Setor Terciário (terceirização da economia), devido à queda do número de indústrias no estado e a descentralização de indústrias dentro do estado, com a migração de indústrias rumo ao interior do estado.

b) Os estados que se beneficiaram com o processo de desconcentração industrial foram os estados no Nordeste, dentre eles, especialmente a Bahia e o Ceará, o estado de Minas Gerais, no Sudeste e os estados da Região Sul (Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina).

Esse processo gerou a chamada “guerra dos lugares”, ou “guerra dos governadores” que disputaram as empresas com incentivos fiscais e não fiscais, tais como doação de terrenos, isenção de impostos, infraestrutura gratuita e mão de obra barata e mais escolarizada devido à melhoria do ensino e dos cursos técnicos e profissionalizantes.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

PROFESSOR PREGUIÇOSO

Os alunos do São João Batista, além de serem assediados por seus professores, são também explorados.


Seguindo a ideia do professor preguiçoso e “muito ocupado” Rafael de História, o professor Rômulo – ilustre figura deste blog – se livrou de criar a sua prova.

A ideia genial do professor é fazer com que os alunos do Ensino Médio criem questões para as suas próprias avaliações. É ou não é genial, minha gente?

Os alunos deverão postar suas questões e gabaritos em forma de comentário neste post. Pedimos aqueles que já postaram no post da “Charge o Polvo” passem a questão para cá (apenas objetivando uma melhor organização).

Lembrem-se de que as questões são para a sua prova: peguem leve!

Contribuição de Isadora Nicolau.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

CHARGE DO DIA

O polvo nas eleições brasileiras...

TESTE DO DIA

Fala galera! O texto abaixo foi retirado da Revista Carta Capital de 25 de março de 2009 e retrata um dos aspectos principais da nova fase da crise: o avanço do desemprego.


“A grande discussão mundial, até 2008, tinha como foco a deslocalização da produção, gerada por políticas cambiais protecionistas e farta oferta de mão-de-obra barata nos países emergentes. Os bate-bocas na Organização Mundial do Comércio (OMC) centravam-se na exportação de empregos para os países asiáticos, como China, Índia e Vietnã, e para os do Leste Europeu, como Bulgária e Ucrânia. A pauta dos litígios mudou. Os empregos sumiram em todo o mundo.

O terremoto que varre o mercado de trabalho global não poupa o Brasil. Houve uma rápida deterioração da oferta de emprego desde o fim de 2008. Nos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice de desemprego subiu de 6,8% em dezembro para 8,2% em janeiro nas seis principais regiões metropolitanas do País (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre).

A população desocupada cresceu 20,6% e totalizou 1,9 milhão de trabalhadores. O IBGE estima apenas o desemprego aberto, ou seja, o desempregado que procurou trabalho nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa. Quem desistiu é considerado “desalentado”, fora do mercado de trabalho.

Na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da Fundação Seade e o Departamento Intersindical de Estatística e o Estudos Socioeconômicos (Dieese), a taxa de desemprego aumentou de 12,7% para 13,1% no mesmo período em seis regiões metropolitanas. Na categoria de desemprego aberto, a taxa subiu de 8,6% para 9,1%. O desemprego oculto pelo trabalho precário ou pelo desalento foi de 4,1% para 4%.

O contingente dos sem-trabalho somou 2,62 milhões de cidadãos. A indústria foi o setor que mais demitiu, com redução de 79 mil ocupações, ou 2,9% do total. Seguiram-se construção civil (31 mil, ou 3%), serviços (90 mil, 1%) e outros (16 mil, 1,1%).”

(http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=7&i=3643)



Aponte e explique duas causas responsáveis pelo elevado nível de desemprego mundial na atualidade.

OBAMA INTENSIFICA 'GUERRA SECRETA' E 'OPERAÇÕES ESPECIAIS' A NÍVEL MUNDIAL. VENEZUELA E BOLÍVIA NA MIRA


Eva Golinger *

Uma investigação do Washington Post acaba de revelar que o governo de Barack Obama vem expandindo, de maneira significativa, a guerra secreta contra Al-Qaeda e outros grupos “radicais”. Segundo o Post, aumentou-se as operações especiais a nível mundial tanto em orçamento quanto em quantidade. Hoje, as forças especiais norte-americanas estão operando em mais de 75 países, quando, há apenas um ano, estavam em 60 países.

Mais de 13 mil forças especiais – militares e civis, especialistas em operações de inteligência, guerra psicológica, assassinato seletivo, missões de treinamento, ações clandestinas, entre outras tarefas – são realizadas pelo mundo. 9 mil delas estão no Iraque e Afeganistão.

O investigador norte-americano Jeremy Scahill descobriu que a administração de Obama tem enviado equipes de elite das forças especiais, sob a denominação de Comando de Operações Especiais Conjuntas, ao Irã, Geórgia, Ucrânia, Bolívia, Paraguai, Equador, Peru, Iêmen, Paquistão, Filipinas. Desde o ano de 2006, estas equipes clandestinas operam também na Venezuela, Colômbia e México. Existem planos para ataques preventivos ou “antecipados” em “vários lugares no mundo”, segundo periódico norte-americano.

Washington espera para ativar os planos apenas quando uma “ameaça” ou “complô” é identificado. Um alto oficial militar do Pentágono afirmou que Obama está permitindo muitas ações, estratégias e operações que não foram autorizadas durante o governo de George W. Bush. “Temos muito mais acesso” para as operações clandestinas, explicou outro funcionário do Pentágono.

Este incremento nas operações especiais, junto ao aumento de ataques com aviões não tripulados (“drones”), forma parte da nova Doutrina de Segurança Nacional, anunciada pelo Presidente Obama na semana passada. Uma das vantagens de utilizar “forças secretas” para executar missões de alta importância estratégia é, justamente, sua natureza clandestina e o fato de que suas missões e operações não são públicas. Assim, Obama pode evitar as reações e críticas sobre suas políticas bélicas. Enquanto isso, implementa a agenda imperial para satisfazer ao Complexo Militar Industrial.


MAIS DINHEIRO PARA GUERRA

Obama solicitou um aumento de 5.7% para o orçamento das Operações Especiais para 2011, subindo para um total de $ 6.3 milhões de dólares, além dos $ 3.5 mil milhões adicionais para as operações clandestinas de contingência. O total do orçamento de defesa de Washington para 2011 é de $ 872 mil milhões de dólares, com $ 75 mil milhões mais para a comunidade de inteligência.


INTELIGÊNCIA E SUBVERSÃO

Além das ações de guerra que realizam as forças especiais, como assassinatos seletivos, sequestro e tortura, essas equipes também são treinadas para executar missões de inteligência, infiltração, subversão e desestabilização. As forças especiais são treinadas durante anos, aprendendo idiomas, adaptando-se a diferentes culturas, para poder penetrar e infiltrar-se de maneira clandestina.

Em princípios de 2009, foi assinada a Doutrina de Guerra Irregular pelo Presidente Obama, priorizando esta forma de guerra sobre a guerra convencional.

Na guerra irregular, o campo de batalha não tem limites e as táticas e estratégias utilizadas são não-tradicionais. A contra-insurgência e a subversão, além do uso de forças especiais para executar operações clandestinas de guerra, são as principais técnicas empregadas para obter a desestabilização do adversário “por dentro”.

Dentro deste conceito, fachadas e agências, como a USAID, o National Endowment forDemocracy e Freedom House, entre outras, são utilizadas para canalizar fundos aos atores que promovem a agenda de Washington e, também, para penetrar na “sociedade civil” em países estrategicamente importantes para os interesses imperiais. Segundo outro alto oficial das forças especiais norte-americanas, citado por Scahill: “O mundo é o campo de batalha e regressamos a este conceito... Estávamos nos distanciando desta visão, porém a administração de Obama compartilha deste conceito”.

Algumas das operações especiais atuais são conduzidas pela Força de Tarefa 714, que foi comandada pelo General McChrystal, atual comandante da guerra no Afeganistão. Sob o governo de Obama, esta Força de Tarefa vem crescendo e seu orçamento aumentou em 40%. “Agora podemos fazer muito mais”, revelou uma fonte das forças especiais. “Já não temos que trabalhar nas embaixadas, nem temos que coordenar junto ao Departamento de Estado. Podemos operar a partir de onde quisermos”, afirmou.

Este ano, Washington tentou classificar a Venezuela como um “estado terrorista”, junto com Cuba, Irã, Sudão e Síria. Sem dúvida, mantiveram Venezuela numa lista de “países que não cooperam com a luta contra o terrorismo”, para não prejudicar o necessário abastecimento de petróleo venezuelano aos Estados Unidos.

No obstante, o informe anual da Direção Nacional de Inteligência de Washington, publicado em janeiro de 2010, classificou a Venezuela como “a principal ameaça” contra os Estados Unidos neste hemisfério, assinalando o Presidente Hugo Chávez como o “líder anti-norte-americano” na região.

Nos últimos anos, Washington vem intensificado suas agressões e operações de desestabilização contra a Venezuela, buscando promover uma “mudança de regime” no país com as reservas do petróleo no mundo. Não há dúvida de que a “Guerra Secreta” de Obama continuará com este esforços.


(Tradução: Maria Fernanda M. Scelza)

http://www.youtube.com/watch?v=ZA5DTNGD_FU

TEORIA DA POLÍTICA EXTERNA DOS EUA

Leo Huberman e Paul M. Sweezy


A política externa dos Estados Unidos tem gerado derrotas há bem mais de uma década mas nunca a um ritmo tão rápido e furioso como durante os últimos meses [NR: escrito em 1960].

Qual é a reacção da classe dominante americana a este fracasso constante e generalizado da política externa? Poder-se-ia esperar uma acumulação de críticas e um apoio crescente a política ou políticas alternativas. Mas olha-se em vão por qualquer coisa desta espécie nos Estados Unidos de hoje. Estamos em meio a uma campanha eleitoral, a qual dá a todos os líderes políticos de ambos os partidos muitas oportunidades para expor ao público os seus pontos de vista. Tanto quanto sabemos, nenhum deles exprimiu qualquer crítica dos fundamentos da política americana ou propôs que fosse mudada em qualquer aspecto importante.

Como explicar isto? Como explicar o facto de que a resposta virtualmente unânime da classe dominante americana é uma evasão a qualquer análise séria das causas e uma adesão teimosa às mesmas políticas que no passado conduziram constantemente ao fracasso?

Sem dar respostas completas a estas questões, [1] podemos no entanto expor algumas considerações relevantes.

Para começar, é crucialmente importante reconhecer que a política externa é modelada e dominada por interesses de classe internos. Isto é verdade para os Estados Unidos de hoje assim como o foi para o Império Romano ou a França de Luís XIV. Em alguns países, em certos momentos, a estrutura de classe e o padrão de interesses reflectido na política externa apresenta um puzzle mais ou menos complicado. Isto foi verdadeiro, por exemplo, nos Estados Unidos dos meados do século XIX quando o país incluía duas formas contraditórias de sociedade a lutarem pelo controle do governo nacional, cada uma com a sua própria estrutura de classe e suas necessidades particulares na área da política externa. Também foi verdadeiro, para dar outro exemplo, na Alemanha Imperial no meio século que antecedeu a I Guerra Mundial, aquela conjugação única de feudalismo e capitalismo que era levada por uma rigorosa lógica interna a antagonizar tanto a Rússia a Leste como a Inglaterra a Oeste e portanto a garantir a sua própria derrocada final.

O artigo completo encontra-se em http://www.resistir.info/mreview/sweezy_huberman_1960.html